Por Lucimar Luciano de Oliveira
Quando chefiava o Departamento de Instrução, em 1981, no Arsenal Velho,
era vez por outra chamado pelo Diretor, Almirante Luiz Carlos de Freitas, para algumas atividades especiais.
Um dia, o Almirante me chamou e me mandou providenciar um "hino do Hidrógrafo". Pensei imediatamente no Sepulveda, conhecido poeta, e
logo entramos em contato. Dei-lhe a conhecer a intenção do 01 e em
poucos dias recebi a resposta afirmativa, com a letra pronta do poema,
de quatro estrofes e um estribilho, cobrindo a maior parte das
atividades da nossa profissão.
Mostrado o poema ao Almirante, este se referiu à necessidade de
acrescentar um último tópico, para fechar o ciclo dos serviços da DHN.
Aprovada a bela letra do que viria a ser a "canção", faltava-me
conseguir um compositor musical, ligado à Marinha, para completar o trabalho. Lembrei-me, então, do Maestro Moacyr Geraldo Maciel, na época regente do Coral do CIAGA, que bem eu conhecia e que tinha alcançado
grande êxito com a música composta para a visita do Papa em 1980,
intitulada "A bênção, João de Deus".
Liguei para o CIAGA e, no mesmo instante em que lia o poema do Sepulveda pelo telefone, já o ilustre compositor solfejava com enorme desenvoltura
os primeiros sons do que seria depois nossa canção. Em menos de uma
semana, o Maestro Maciel nos chamou à sua casa, a mim e ao Sepulveda,
e nos mostrou a canção completa, já gravada em fita cassete.
Apresentamos, eu e Sepulveda, o resultado ao Almirante Freitas e ele
ficou bastante satisfeito com o trabalho dos autores. A canção, até
ali chamada de "hino do Hidrógrafo", seria lançada com pompa e
circunstância no Dia do Hidrógrafo de 1981, última data festiva
hidrográfica a ser comemorada na Ilha Fiscal.
Eu deveria providenciar o lançamento do "hino", a 28 de setembro, pela
Banda Sinfônica do CFN e pelo Coral do CIAGA. Feitos contatos com a banda
e com o coral, tanto a primeira como o segundo passaram a treinar intensivamente para a grande festa de lançamento.
Cerca de duas semanas antes do evento, o Almirante Freitas me chamou e expressou sua idéia de apresentar ao Conselho Técnico, para conhecimento
e julgamento, a composição do "hino".
Preparei-me para cumprir a ordem, apresentando previamente a gravação a todos os membros do Conselho, que individualmente o aprovavam com louvor. Mas, no dia da reunião de julgamento, alguns argumentos apresentados por oficiais mais conservadores vieram a prevalecer e, finalmente, não se aprovou o lançamento do "hino" naquele ano.
O Almirante Freitas mandou cumprir a proposição do Conselho, motivo por
que agradeci e dispensei a contribuição da Banda Sinfônica do CFN e do
Coral do CIAGA, dando como pretexto o fato de que falecera na ocasião o Comandante de Operações Navais, Almirante Newton Braga de Faria.
Em agosto de 1983 apresentei-me em Belém para imediatar o "Saldanha", já deslocado o Departamento de Instrução para a nova sede da DHN, na Ponta da Armação. O oficial que me sucedeu na função foi o então CF Arêas, hoje (em Set/2000) Vice-Almirante, Diretor de Hidrografia.
Em Belém, recebi um telefonema do Gabinete do Ministro Maximiano, perguntando pela partitura do "hino". Informei ao Gabinete que, ao desembarcar, deixara a partitura na escrivaninha do Chefe do
Departamento de Instrução.
O Diretor de Hidrografia era o Almirante Ferraciù, que fez o
lançamento definitivo da agora "Canção do Hidrógrafo", creio
que naquele mesmo ano de 1983.