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MEMÓRIA DA HIDROGRAFIA
Origens dos Textos

Os textos sobre a Memória da Hidrografia, constantes deste website, embora redigidos em sua maioria por LUCIMAR, o foram a partir de ampla pesquisa e colaboração de uma ilustre comissão, chefiada pelo saudoso Almirante MAXIMIANO, com a presença de inúmeros hidrógrafos de renome, a qual confiou ao LUCIMAR a tarefa de Editor.

 

  Memória da Hidrografia (01)


O BODE VERDE

Com a formação das primeiras turmas de Oficiais especializados em Hidrografia na Marinha brasileira a partir de 1933 constatou-se o nascimento de um novo "bode" , o Bode Verde !

O termo "bode" foi trazido e traduzido pelos nossos primeiros maquinistas formados pela Escola Naval a partir de 1905 e que buscaram na Inglaterra os primeiros encouraçados da Armada brasileira . Quando naquele país , aprenderam eles a expressão "body" com significado de "corpo, corporação, classe, comunidade, sociedade, etc"., fixando ou dividindo o pessoal. De volta ao Brasil , reuniram-se em uma confraria , em um "body" que passou a ser identificado como "bode preto" como referência às graxas e aos carvões que os envolvia e os lambuzava nas máquinas de então.

Criada a Diretoria Geral de Navegação em 1923 e desde a incorporação do Navio Hidrográfico Rio Branco em 1934 seus navios subordinados passaram a ser pintados de branco[2] e suas linhas d'água , de verde , e não de preto como os demais navios cinzas da Armada !

As primeiras Turmas de Hidrógrafos escolheram o verde para sua cor , o verde dos mares litorâneos , o verde das matas de seus ambientes de trabalhos topográficos , o verde das clareiras abertas para a construção de faróis .

E os Hidrógrafos se reuniram em um novo grupo , em grupo fechado de cursados em Hidrografia , verdadeiros navegadores , em um novo "body" .

Escolheram para seu símbolo um bode à semelhança de outro que já existia , mas que deram a cor verde . Nascia o Bode Verde !

E para lhe dar maior representatividade ao símbolo , desenharam seu perfil em atitude rampante , voltado para leste , para o mar brasileiro , erguido sobre as patas traseiras , empinado em atitude resoluta exibindo toda sua coragem !

Com o tempo, o Bode Verde rampante passou a ornar as lanchas hidrográficas e depois as asas de boreste e bombordo dos passadiços dos navios hidrográficos, o que se mantém até hoje, representando o indômito "espirito de corpo" dos hidrógrafos.

Desde 1933 como um símbolo não oficial da Hidrografia brasileira , somente em 21 de fevereiro de 1996 , o Bode Verde foi reconhecido como "marca figurativa" e registrado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial como propriedade da Diretoria de Hidrografia e Navegação .

 

  Memória da Hidrografia (02)


 

ORIGENS

Nas asas da imaginação, podemos voltar ao passado.

Podemos "ver", cinco mil anos atrás, um homem primitivo, na sua também primitiva embarcação, navegando entre bancos de areia.

Ruma para um parcel, onde sabe que encontrará peixe em abundância.

Orienta sua navegação, utilizando-se de árvores, pedras, dunas e outros pontos conspícuos.

Leva um pouco de água doce em um recipiente de bambu, pois já descobrira que a água do mar é salgada.

Conta, para regressar, com a ajuda do vento, que à tarde costuma soprar do mar para a terra.

Sabe que poderá navegar passando por cima dos bancos de areia, pois a maré estará cheia.

Embora empiricamente, já tem conhecimentos de hidrografia, de oceanografia e de meteorologia. Já utiliza sinais para navegar.

Nesta cena imaginária, podemos identificar três elementos básicos: o HOMEM, a EMBARCAÇÃO e o MEIO AMBIENTE.

Os mesmos de hoje e de sempre.

 

  Fotos Memoráveis (01)
Fotos fornecidas por Gabriel

Oficialidade do CANOPUS em 1960 (1/3) e (2/3)

Oficialidade do CANOPUS em 1960 (3/3)

CANOPUS em 1960

Balanço do CANOPUS de 7o a BB

Banho de Sol no CANOPUS antes do rancho do almoço

No CANOPUS ao largo de Abrolhos

Visita de Adidos Navais ao CANOPUS

No passadiço do CANOPUS

Na entrada do Farol de Abrolhos

Sinal de 4 m em Itapessóca, PE em 1961

Sinal de 8 m em Pasmado, PE em 1961

O velho e fiel estaciógrafo

Passagem de Comando do CANOPUS em 1960

 

  Memória da Hidrografia (03)


PRIMÓRDIOS DA HIDROGRAFIA BRASILEIRA

As instruções náuticas dos antepassados portugueses, no século XVI, e a influência francesa, com Mouchez, nos oitocentos, balizavam o início da Hidrografia brasileira.

Mas é Vital de Oliveira, que viria a ser Patrono da Hidrografia, o criador do espírito indomável do hidrógrafo nacional. Contemporâneos dos levantamentos franceses, seus trabalhos, bem como os de Hoonholtz, o Barão de Teffé, e outros, têm a marca indelével de coragem, persistência e profissionalismo, a indicar o rumo certo às gerações que os seguiriam.


CARTOGRAFIA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XVI E XVII

Após o Descobrimento, expedições portuguesas levantaram a costa. No Planisfério de Cantino, em 1502, reproduzindo original português, surge a primeira representação cartográfica da costa, que viria a ser descrita, em minúcia, no Esmeraldo de Situ Orbis, de 1508.

Mas são os Reinóis, pai e filho, em 1519, com a Carta do Brasil, que traçam o inteiro litoral, do Amazonas ao Chuí. O Roteiro do Brasil, de Luiz Teixeira, em 1586, publica uma carta geral e cartas particulares de vários portos.

Quarenta anos depois, João Teixeira Albernaz produz outro Atlas, de uma carta geral e dezenove particulares, o "Livro que dá Rezão do Estado do Brazil".

Cabe ressaltar, finalmente, que a produção cartográfica portuguesa dos quinhentos e seiscentos forma um conjunto de preciosas instruções náuticas, descrições e toponímia, destinados à navegação, cujos contornos são o que de mais preciso era possível obter na época

 

  Memória da Hidrografia (04)


CARTOGRAFIA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XVIII E XIX

Durante o século XVIII declinara a primeira política cartográfica de Portugal e do mundo: com a invenção do cronômetro e a solução do problema da determinação da longitude, passava a cartografia náutica por uma verdadeira revolução.

As cartas portuguesas do século XVII tornaram-se obsoletas e era preciso rever os levantamentos em todo o mundo. Com esse propósito, foi criada a Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica, em Portugal, que se extinguiu com as invasões francesas, mas deixou marcos importantes de seu trabalho na costa do Brasil.

Algumas cartas bastante interessantes, hoje depositadas nas mapotecas do Serviço de Documentação da Marinha e do Palácio do Itamaraty, demonstram a qualidade dos serviços hidrográficos portugueses desse período:

  • O "Plano Topográfico, Porto e Entrada do Rio de Janeiro e seus Oredores", por Francisco João Roscio, 1778, considerada a mais bela e precisa carta da Baía de Guanabara;

  • A "Carta Reduzida do Oceano Atlântico", por José Fernandes Portugal, 1791, traçada em cores sobre pergaminho;

  • A "Planta Hidrográfica do Porto do Rio de Janeiro", feita por oficiais da Armada Real, sob a chefia do Capitão-Tenente Diogo Jorge de Brito, em 1810, que é o marco da chegada ao Brasil da mais apurada técnica hidrográfica.

 

  Memória da Hidrografia (05)


PRIMEIRAS CAMPANHAS FRANCESAS

Três franceses se destacam, na primeira metade do século XIX, em campanhas hidrográficas no litoral brasileiro: o Capitão-de-Mar-e-Guerra Albin Reine de Roussin e os Capitães-de-Corveta Louis Marius Barral e Tardy de Montravel.

Roussin chega em 1819, na Corveta "La Bayadère", e trabalha, até 1821, entre as ilhas do Maranhão e de Santa Catarina. Disso resultam o roteiro "Le Pilote du Brésil" e, sobretudo, a "Carta Geral da Costa Brasileira", além de quatorze cartas particulares, tudo publicado entre 1822 e 1827.

Na Gabarra "Émulation", em 1831, Barral estende o levantamento, da Ilha de Santa Catarina ao Arroio Chuí. Duas cartas e três planos particulares eram publicados em 1833.

Por fim, nessa primeira fase de atuação francesa, Tardy de Montravel, com o Brigue "La Boulonnaise", opera, de 1842 a 1845, no trecho entre o Cabo Orange e o Maranhão, no Rio Amazonas, até Óbidos, e em parte do Tapajós. Nove cartas da região foram publicadas.

Em menos de trinta anos, o vasto litoral tinha sido cartografado: uma boa semente, plantada em terra boa.

 

 


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